Patologias parte 2
Olá, tudo bem?
Eu sou o Felipão, consultor técnico especialista em tintas e pinturas.
Bem vindo ao blog Pinta Mundi Tintas com o tema patologias em pinturas parte 2, se você não leu ainda a primeira parte, sugerimos que leia e depois venha com a gente nesta segunda parte.
Então vamos lá;
Como falamos no primeiro blog, patologias em pinturas são todos os problemas que podem ocorrer antes, durante e depois da pintura.
Este é um assunto muito importante, porque faz parte do principal processo de uma pintura, a preparação.
Nesta segunda e final parte, vamos abordar outras principais patologias, as mais comuns e encontradas no dia a dia, podemos relacionar conforme abaixo;
Excesso de brilho:
Esta é uma patologia muito comum, e que pode comprometer muito a nova pintura, ocasionando vários tipos de problemas como veremos a seguir.
Locais - Paredes, tetos, portas, janelas, vidros, azulejos, etc.
Aparência - As superfícies apresentam alto brilho com grande reflexão de luminosidade, muito baixa ou nenhuma porosidade.
Causas - Aplicação de calfino, gesso corrido, alta compactação dos materiais, excesso de aditivos em argamassas, fundo preparador com baixa diluição, tintas com alto brilho, alta tensão superficial de azulejos, vidros, fórmicas, etc.
Solução – Quando este problemas se apresentar, deverá ser necessário fazer uma promoção de aderência na superfície, este processo pode ser feito através do lixamento até a remoção total do brilho com posterior remoção do pó, ou quimicamente, através de fundos como wash primer ou fundo epóxi bi componente. No caso de superfícies vitrificadas como azulejos, vidros, pastilhas, etc, existem produtos específicos que tem uma boa aderência e podem ser aplicados diretamente como os epóxis e os esmaltes base água.
Manchas de Aplicação:
Este também é um problema muito comum, que ocorre durante o processo de aplicação dos produtos, veremos abaixo as principais causas e soluções, vejamos:
Locais - Paredes, tetos, pisos, fachadas, muros etc. Podendo ser superfícies extensas ou não.
Aparência - A superfície pintada fica com marcas de faixas retas paralelas, evidenciando as emendas dos “panos” de pintura ou com marcas evidentes da ferramenta usada, ou manchas isoladas em pontos distintos.
Causas - Falta de alastramento da tinta (repasse) principalmente em tintas acetinadas, semi brilhantes, cores intensas e texturas. Ferramenta inadequada, falta de diluição , recortes, superfícies não seladas devidamente (absorção), retoques (cuidado com eles).
Soluções – Procurar usar a diluição correta do produto, não pintar sob sol forte, procurar fazer o recorte também com um rolo menor com o mesmo tipo de lã do maior, saber que ao pintar por exemplo uma porta e uma parede da mesma cor com tecnologias diferentes haverá diferença na cor, procurar pintar sobre superfície selada.
Manchas Escorridas (extração de solúveis):
Esta também é uma patologia muito comum em todas as marcas de tintas, vamos entender um pouco mais:
Locais – Normalmente em áreas extensas de paredes externas de fachadas de edifícios ou casas, marquises, beirais, muros, etc.
Aparência - Manchas escorridas brilhantes, com aparência esbranquiçada ou amarelada, muitas vezes com leve pegajosidade.
Causas - Ocorrem em tintas acrílicas ou P.V.A a base de água com acabamento fosco, aplicadas até 30 dias, quando entram em contato com água, devido a chuvas fracas, sereno, maresia e condensação de umidade (banheiros, cozinhas).
Solução – Se as manchas forem descobertas em até 30 depois da aplicação, deverá ser feita uma cortina de água, molhando toda superfície por igual, serão notadas espumas que fazem parte do processo de remoção das manchas, depois é só deixar secar. Se a tinta estiver totalmente seca, a lavagem não trará resultado e será necessária uma nova demão de tinta.
Manchas e riscos por atrito:
São manchas e ou riscos muito comuns em determinados tipos de tintas e cores, vamos ver:
Locais - Paredes, portas, janelas etc. Pintadas em áreas internas ou externas.
Aparência - Manchas na maioria das vezes esbranquiçadas com formatos e intensidades variados.
Causas - Ocorrem em tintas de cores intensas com acabamento fosco e as vezes no acetinado, devido ao atrito de qualquer material, onde os mais comuns são as mãos e roupas. O filme das tintas com acabamentos mais para o fosco são como lixas bem finas (1500 – 2500), que ao sofrerem atrito, transferem parcialmente o material de contato para a superfície, causando as manchas.
Solução – Utilizar tintas com mais brilho como a semi-brilhante ou diminuir a intensidade da cor.
Amarelecimento em esmaltes sintéticos e tintas a óleo:
Este é um problema que ocorre em todos os esmaltes sintéticos de todas as marcas, seja ele brilhante, acetinado ou fosco, quando usada branco, vejamos;
Locais - Portas, janelas, batentes, forros, superfícies em madeira ou metal pintados em áreas internas ou externas.
Aparência - Percebe-se uniformemente ou não, uma alteração de cor ao longo do tempo, saindo do branco e podendo chegar a tonalidades próximas ao marfim, basicamente um amarelecimento.
Causas - Devido à baixa ou falta de luminosidade solar, há uma migração para a superfície da película da tinta, de uma enzima específica, inserida no óleo de soja usado como auxiliar secativo dos esmaltes sintéticos, tintas a óleo e vernizes.
Solução – Repintar com esmaltes acrílicos a base de água ou esmaltes sintéticos específicos, que não sofrem esta característica de amarelecimento.
Diferença de Tonalidade:
Quando falamos deste tema, as causas são muito variadas, podendo ser desde uma particularidade visual até realmente problema de cor no produto, mas vamos entender melhor:
Locais - Qualquer pintura ou superfície que envolva mais de um lote de fabricação e ou se encaixe nas causas abaixo.
Aparência - Nota-se uma diferença de tonalidade em uma ou várias superfícies do local, normalmente onde há continuação de pintura em um mesmo plano, porém, podendo ocorrer em planos distintos também.
Causas - Diferenças de iluminação, diferenças de textura, diferenças de brilho,perspectiva pela distância, diferenças entre lotes, variações de dimensões, mudança de tecnologia, problemas no sistema tintométrico, alteração de fórmulas.
Solução – Utilizar em continuação de pintura produtos do mesmo lote, não misturar tecnologias, saber que variação de brilho varia cor, verificar se não houve alteração de fórmula da máquina de cores ou mudança de padrão de cor na fábrica do produto, manter a máquina de cores sempre com manutenção em dia.
E por último vamos falar de uma patologia também muito comum e as vezes devastadora, que atinge os metais ferrosos, a famosa ferrugem, olha só, a ferrugem é característica dos metais ferrosos, que contém óxido de ferro na sua composição, ela se divide em 3 etapas; oxidação, ferrugem e corrosão, que é o processo final e pode danificar seriamente o substrato, vamos entender melhor:
Locais - Superfícies em ferro fundido, aço carbono, metalon, galvanizados, ou seja, toda superfície que contenha o óxido de ferro.
Aparência - No início apresenta-se uma tonalidade alaranjada por toda superfície, posteriormente há um escurecimento, mudando para um tom vermelho amarronzado e causando uma leve aspereza pela superfície, aumentando gradativamente se não tratado até chegar na corrosão.
Causas - A oxidação é o início do processo de degradação do metal, causada pelo contato com o oxigênio, umidade e ou maresia (vapores de água salina), a etapa posterior no metal ferroso é conhecida como ferrugem, que é o primeiro sinal da corrosão, que pode chegar a destruição total e se o metal não for tratado este será um processo irreversível.
Este foi nosso segundo capítulo de patologias em pintura, espero que tenham gostado e aqui vai uma dica; patologias muitas vezes precisam de bastante técnica e conhecimento para serem solucionadas por isto, procure sempre consultar um pintor profissional.
E lembre-se, o que importa realmente está dentro da lata!
Obrigado e até o próximo blog!